Desvio Bilionário no INSS: PF descobre mortes forjadas por associações

Desvio Bilionário no INSS: PF descobre mortes forjadas por associações

Segundo a Polícia Federal, os valores pagos a uma funerária com sede em Fortaleza seriam suficientes para cobrir 8.713 enterros

Foto: Divulgação/PF

 A Polícia Federal investiga o uso de uma funerária com sede em Fortaleza (CE) para lavar dinheiro arrecadado por meio de descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo a PF, a empresa teria fraudado certidões de óbito para justificar pagamentos milionários.

De acordo com relatório da PF, entre 2022 e 2024, a Global Planos Funerários recebeu R$ 34 milhões da Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap) e R$ 2,3 milhões da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen), ambas investigadas por aplicar descontos sem autorização. As duas entidades são sediadas no Ceará.

Apesar dos repasses, nenhuma das associações oferecia plano funerário aos seus associados.

Os valores pagos à Global, segundo a PF, seriam suficientes para cobrir 8.713 enterros — o equivalente a 19 mortes por dia. Ainda assim, o número de contribuintes ativos nas entidades se manteve estável.

A investigação aponta que a Global, controlada por José Lins Neto — ex-presidente da Caap e ligado à Aapen —, começou a receber os valores dois meses após a Caap firmar acordo com o INSS para fazer descontos diretamente na folha de pagamento.

A PF identificou que a funerária repassou R$ 12 milhões à Clínica Máxima Saúde, pertencente ao genro da tesoureira da Aapen, Maria Luzimar Rocha Lopes. Segundo o Coaf, ela recebeu R$ 700 mil em transações suspeitas. Para a PF, Maria não atuava como laranja, mas como beneficiária direta do esquema.

A Controladoria-Geral da União (CGU) entrevistou, de forma amostral, 210 supostos associados da Aapen. Todos negaram ter autorizado os descontos. Na Caap, apenas um entre 215 entrevistados afirmou ter dado consentimento.

A Justiça Federal autorizou mandados de busca e bloqueou até R$ 147,3 milhões da Caap e da Global, além de R$ 202 milhões da Aapen. A Global teve seu CNPJ encerrado em abril, 23 dias antes de ser alvo de operação da PF.

Fonte: O Antagonista

Postar um comentário

0 Comentários